Regência: é o processo sintático no qual um termo depende gramaticalmente de outro. São as alterações que os complementos sofrem, mostrando a sua relação de dependência com o verbo. Há em uma frase termos principais (regentes) e termos dependentes (regidos), responsáveis pelas conexões que nos permitem transmitir e compreender os diversos conteúdos das frases.
Rosângela reparou em mim.
(termo regente) (termo regido)
Titia concordou comigo.
CONCORDÂNCIA ATRATIVA
Os conceitos que apresentamos a respeito da concordância de verbos e nomes têm caráter geral. No entanto, há casos específicos, que não apresentam uma norma definida e fixa e para os quais, mesmo em bons autores, têm-se encontrado soluções diferentes.
Há também soluções, definitivamente aceitas, em que a concordância é feita com a finalidade de tornar a frase mais expressiva. Observe:
Uma legião de mais de cinco mil soldados destruíram o arraial de Canudos.
Um grande número de fiéis seguiam o Conselheiro.
CONCORDÂNCIA IDEOLOGICA
Também por razões de estilo, muitas vezes a concordância (verbal e nominal) não é feita com a forma gramatical de uma palavra ou de uma expressão presente na frase, mas com a ideia ou o sentido que está subentendido. A esse tipo de concordância dá-se o nome de concordância ideológica ou silepse. Veja:
Os sertões conta a Guerra de Canudos.
Observe que o verbo contar não está concordando em número com a forma gramatical do sujeito "Os sertões", mas com a ideia que se subentende: a obra (ou o livro) “Os sertões” conta a Guerra de Canudos. Nesse exemplo temos um caso de concordância ideológica; por realizar um jogo singular - plural, ocorre uma silepse de número.
Todos lamentamos o massacre de Canudos.
Aqui, o verbo lamentar não está concordando coma forma gramatical do sujeito todos que é de terceira pessoa. Ocorre que o falante se inclui no universo representado, estabelecendo a concordância em primeira pessoa do plural: nós todos. Temos aí outro exemplo de concordância ideológica; nesse caso, silepse de pessoa.
A populosa São Paulo continua sofrendo com as enchentes.
Nesse exemplo, o adjetivo populosa - no feminino - não está concordando com o termo São Paulo, que é masculino, mas com a ideia implícita nesse termo (cidade). Temos, pois, uma concordância ideológica; nesse caso, silepse de gênero.
Relações de Dependência na Oração
1. Concordância:
ela mostra uma relação de dependência entre os termos da oração.
Todo mundo adorou Ritinha. A mais perfeita imagem da paz.
Todos adoraram Ritinha Os mais perfeitos retratos
da paz.
Quando mudamos o sujeito
(Todo mundo/Todos), o verbo sofre alteração em sua forma, adaptando-se à nova
palavra em número e pessoa; quando mudamos o nome determinado
(imagem/retratos), os termos determinantes sofrem alterações de gênero e número.
1.1 Concordância
Verbal
O Estudo da concordância
verbal leva em conta as flexões de número (singular e plural) e pessoa
(masculino e feminino) entre o verbo e o sujeito.
Regras Gerais
a) Sujeito Simples:
o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito.
O jornal está
aqui. Os jornais
estão aqui.
Observação:
mesmo se colocarmos na ordem inversa, ou seja, o sujeito colocado após o verbo,
a regra é a mesma.
Estão aqui os jornais.
b) Sujeito Composto: O
Sujeito composto por elementos da mesma pessoa gramatical leva o verbo para o
plural, mantendo a pessoa gramatical do sujeito.
O Jornal e a revista
estão aqui.
c) Sujeito Composto: O sujeito composto por elementos de pessoa
gramatical diferente leva o verbo para o plural na pessoa predominante.
Tu, ele e eu [somos]
os vencedores.
tu (2ª pes.), ele (3ª pes.),
eu (1ª pes.) todas no singular. Neste caso a pessoa predominante é a 3ª pessoa
do plural (nós) do verbo [somos].
Tu e ele [sois] os
vencedores.
tu (2ª pes.), ele (3ª pes.)
do singular. Neste caso a pessoa predominante é a 2ª do plural (vós) do verbo
[sois].
1.2 Concordância
Nominal
A concordância nominal considera
as flexões de gênero e número entre o substantivo e o adjetivo, o artigo, o
numeral e o pronome.
Regras Gerais:
a) O Adjetivo, o artigo, o pronome e o numeral concordam
em gênero e número com o substantivo:
As primeiras [alunas] de cada classe foram ao
zoológico.
(artigo)
(numeral) (subst. fem. plural)
Estes [quadros] amarelos podem
ser dele.
(pron. Adj.) (subst.
masc. Plural) (adjetivo)
b) Adjetivo ligado a substantivos de mesmo gênero e
número vai normalmente para o plural.
[Pai e filho] estudiosos ganharam o prêmio.
(subst. masc.) (adj.
masc. plural)
[Mãe e filha] estudiosas ganharam o prêmio.
(subst. fem.) (adj.
Fem. plural)
c) Adjetivo ligado a
substantivo de gênero diferente vai normalmente para o masculino
plural.
[Alunos]
e [alunas] estudiosos ganharam vários prêmios.
(subst. masc.) (subst. fem.)
(adj. masc.)
[Vaso]
e [jarra] permaneciam [jogados] no chão.
(subst. masc.) (subst. fem.) (adjetivo)
2. Regência: é o
processo sintático no qual um termo depende gramaticalmente de outro. São as
alterações que os complementos sofrem, mostrando a sua relação de dependência
com o verbo. Há em uma frase termos principais (regentes) e
termos dependentes (regidos), responsáveis pelas conexões que nos
permitem transmitir e compreender os diversos conteúdos das frases.
Rosângela reparou em mim.
(termo regente) (termo regido)
Titia concordou comigo.
(termo regente) (termo regido)
A regência pode ser
dividida em:
a) Regência Nominal:
quando o termo regente é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).
Parecem alheios a tudo que os cerca.
(termo regente) (termo regido)
Você ainda não está acostumado com isso?
(termo
regente) (termo regido)
Mostrou-se afável para com todos os colegas.
(termo regente) (termo regido)
b) Regência Verbal: quando
o termo regente é um verbo.
O prefeito assiste na prefeitura.
(termo regente) (termo regido)
O melhor é chamar o doutor Vítor.
(termo regente) (termo regido)
João assistiu o filme pela terceira vez.
(termo regente) (termo regido)
Observação:
a regência verbal trata dos complementos dos verbos. Os verbos podem
ligar-se de duas maneiras:
a)
diretamente: sem o auxílio de preposição. Assim acontecendo o
complemento será Objetivo direto (objeto direto).
Aspiramos
um ar constantemente poluído.
b)
indiretamente: com o auxílio de preposição. Assim o complemento será
objetivo indireto. (objeto indireto).
Aspiramos
a um futuro melhor.
Observemos
que, nesses exemplos, o verbo aspirar admite as duas regências. Isso ocorre
porque, na primeira frase, ele tem um significado e, na segunda, ele tem outro.
Regência Verbal
Regências
Verbais corretas, segundo as normas gramaticais:
Aspirar:
é transitivo direto quando significa atrair para os pulmões.
No sítio, aspiro
o ar puro da montanha.
Aspirar:
é transitivo indireto no sentido de pretender.
Nossa equipe
aspira ao troféu de campeã.
Assistir:
é transitivo direto no sentido de ajudar.
A enfermeira
assiste os doentes.
Assistir:
é transitivo indireto no sentido de presenciar, ver.
Assisto
há muitos filmes por ano.
Chegar:
é intransitivo, no sentido de atingir o ponto para onde se caminha (pede a
preposição “a”).
Cheguei
ao hotel hoje à noite.
Esquecer:
No sentido de não ter lembrança ou memória admite duas regências:
a)
Transitivo direto: Esquecemos o livro em casa.
b)
Transitivo Indireto: Ela esqueceu-se do compromisso.
(nesse caso
acontece uma colocação pronominal.)
Obedecer:
é transitivo indireto.
Devemos obedecer
aos sinais de trânsito.
Observação:
esse verbo, apesar de ser transitivo indireto, admite a construção na voz
passiva.
Ele
obedece aos sinais de trânsito. (voz ativa [o sujeito pratica
a ação]).
Os sinais
de trânsito são obedecidos por ele. (voz passiva [o sujeito sofre a
ação]).
Oferecer:
é transitivo direto e indireto.
Ele ofereceu
sua vida à pátria.
Pagar:
é transitivo direto no sentido de saldar compromisso.
Paguei
a dívida.
Pagar:
é transitivo indireto no sentido de remunerar.
O governo já
pagou aos funcionários públicos.
Perdoar:
é transitivo direto e indireto, no sentido de desculpar falta a alguém. Quando
refere-se a coisas (objeto direto) e a pessoas (objeto indireto) e a preposição
usada é “a.”
Perdoei
a atitude ao agressor.
Já perdoei
aos meus inimigos as ofensas proferidas.
Precisar:
é transitivo direto, no sentido de indicar com certeza.
A testemunha
precisou o local do crime.
Precisar:
é transitivo indireto, no sentido de ter necessidade. Usa-se a
preposição “de”:
O diretor precisa
de nossa colaboração.
Preferir:
é transitivo direto e indireto. Exige a preposição “a”:
Preferimos
andar a ficar conversando.
Querer:
é transitivo direto no sentido de desejar:
Todos querem
um lugar ao sol.
Querer:
é transitivo indireto, no sentido de gostar, existir afeto. Nesse caso usa-se a
preposição “a”:
Quero
bem a vocês todos.
Visar:
é transitivo direto, no sentido de mirar ou pôr o visto.
O criminoso visou
o motorista.
Antes de
sair visei o cheque.
Visar:
é transitivo indireto, no sentido de desejar, ter em vista.
Os colégios visam
a formação de seus alunos.
Essa atitude
visa à tranqüilidade de todos.
Regência Nominal
Regências Nominais corretas, segundo as normas gramaticais
Acesso: a, de, para:
Eles têm acesso à cultura e à informação.
O rapaz teve um acesso de raiva.
O acesso para o interior da casa está pronto.
Acostumado: Acostumado a, com:
Já estamos acostumados ao trabalho pesado.
Já estamos acostumados com esse seu jeito brincalhão.
Adaptado: a:
Os novos alunos já estão adaptados à nova sala de aula.
Agradável: a, de:
Uma boa música é agradável aos ouvidos.
Eram palavras agradáveis de se dizer e de se ouvir.
Amor: a, por:
Ele tem amor aos estudos.
Carlos demonstra grande amor por seus filhos.
Ansioso: para, por:
As crianças estão ansiosas para brincar.
O preso vive ansioso pela liberdade.
Apto: a, para:
Aos dezoito anos, os jovens estão aptos ao trabalho.
Não me sinto apto para mergulhar.
Atenção: com, para com:
Atenção com os erros ortográficos!
Os brasileiros demonstram pouca atenção para com os sinais
de trânsito.
Aversão: a, por:
Jairo tem aversão a chocolate.
Sua aversão por violência é antiga.
Capacidade: de, para:
Sua capacidade de resolver questões matemáticas é
surpreendente.
A capacidade para o trabalho é característica da
personalidade dela.
Curioso: de, para:
Os jornais estão curiosos das descobertas científicas.
É um exemplar curioso para um cientista.
Devoto: a, de:
Meu vizinho é devoto ao jogador Garrincha.
Eram todos devotos de suas jogadas.
Essencial: para:
A sua presença é essencial para nós.
Falta: a, contra:
Os alunos não devem ter faltas às aulas.
O zagueiro cometeu falta contra o goleiro.
Fiel: a:
Todos os povos deviam ser fiéis às suas tradições.
Horror: a, de:
Sentia Horror à guerra, à miséria, ao preconceito.
Os bons têm horror de sentimentos falsos.
Casos Especiais de Concordância
Casos Especiais de Concordância
1. Sujeito Coletivo
a) O sujeito expresso por um substantivo coletivo no
singular pede o verbo no singular.
[O povo] está mais esperançoso. A multidão corria apavorada.
b) O sujeito formado de substantivo coletivo acompanhado de
nome no plural pede o verbo no singular ou no plural.
[Um bando de garotos] [jogava] bola aqui na
rua.
Um bando: coletivo no singular verbo no singular
de garotos: nome no plural
Um bando de garotos: sujeito
[Um bando de garotos] [jogavam] bola
aqui na rua.
Um bando: coletivo no singular verbo no plural
de garotos: nome no plural
Um bando de garotos: sujeito
2. Pronomes de Tratamento
a) O pronome de tratamento, no
singular, como sujeito, pede o verbo na terceira pessoa do singular.
Vossa Senhoria Já sabe
da última?
3. Palavra “se”
3.1 O uso do “se” junto
ao verbo: pode oferecer alguma dificuldade na flexão verbal em relação
ao seu sujeito.
a) “Se” na função de partícula
apassivadora. O verbo transitivo direto ao lado do pronome “se” concorda com o
sujeito paciente.
Vende-se um apartamento.
(verbo trans. direto) (sujeito paciente)
Vendem-se alguns apartamentos.
(verbo trans. direto) (sujeito paciente)
b) “Se” na função de
indeterminação do sujeito. O pronome “se” como símbolo de indeterminação do
sujeito leva o verbo para a terceira pessoa do singular.
Precisa-se de funcionários.
(3ª pés. sing.)
Vive-se bem no interior
do país.
Trata-se de animais.
4. Pronomes Relativos
“que,” “quem”:
a) Quando o sujeito é o pronome
relativo”que,” o verbo concorda com o termo que antecede esse pronome.
Fui [eu] que [fiz] a
lição.
Foi [ele] que [fez] a
lição.
Fomos [nós] que
[fizemos] a lição.
Foram [eles] que
[fizeram] a lição.
b) Quando o sujeito é o pronome
relativo “quem”, o verbo vai, de preferência, para a 3ª pessoa do singular,
concordando com “quem.”
Fui [eu] quem [fez] a
lição.
Foram [eles] que
[fizeram] a lição.
Foi [ele] que [fez] a
lição.
Fomos [nós] que
[fizemos] a lição.
Observação: Há
casos em que a concordância é feita com o termo que antecede o “quem.”
Somos [nós] quem a
[fazemos].
Não sou [eu] quem
[descrevo].
5. Sujeito Composto: Quando
o sujeito composto aparece depois do verbo, este pode ir para o plural ou
concordar com o núcleo mais próximo.
[Sobraram-me] uma folha de papel, uma
caneta e uma borracha.
(verbo no plural) (sujeito composto)
[Sobrou-me] uma folha de papel, uma
caneta e uma borracha.
(verbo singular) (sujeito
composto)
6. Verbos Haver, Fazer e
Outros Impessoais:
a) Verbo Haver, quando indica
tempo e no sentido de existir: torna-se impessoal e o verbo fica
na 3ª pessoa do singular.
Há dias em que chove sem
parar.
Havia flores amarelas
por toda parte.
Observação: Ao
lado de outro verbo, na função de auxiliar, torna este também impessoal.
Dentro dessa floresta deve
haver muitos animais perigosos.
b) O verbo fazer indicando tempo: Também leva o verbo para
a terceira pessoa do singular.
Faz alguns anos que não
a vejo.
Deve fazer alguns anos
que ele partiu.
c) Todos os verbos que indicam fenômenos meteorológicos:
Exigem o verbo na 3ª pessoa do singular.
Amanheceu rapidamente.
Chovia sem parar.
Trovejou a noite
inteira.
7. Verbo Ser
A concordância do verbo ser varia
bastante, às vezes, ele concorda com o seu sujeito e outras vezes com o predicativo.
Vejamos algumas orientações:
a) Com as palavras “tudo, isto,
isso, aquilo” representando o sujeito e com o predicativo no plural, o verbo
“ser” também pode ir para o plural:
[Tudo] eram memórias da
infância.
[Isso] não são coisas
que você possa dizer.
b) Quando o sujeito indica preço,
quantidade, peso e o predicativo é expresso por palavras como “muito, pouco,
mais de, menos de, tanto,” o verbo “ser” concorda com o predicativo e permanece
no singular.
Duas horas não é [tanto]
assim!
Oitocentos gramas é
[muito].
c) Em horas, datas e
distâncias, o verbo “ser” é impessoal e concorda com o predicativo:
Hoje são [catorze de
outubro].
(predicativo)
Hoje é [dia] catorze de outubro.
(predicativo)
É [zero] hora em São Paulo.
(predicativo)
São [dez] horas da manhã.
(predicativo)
Observação: Diz-se
(12:30): É meio-dia e meia. (meia, é
relativo a hora.)
d) Em orações interrogativas com os pronomes “que, quem”,
o verbo “ser” concorda, obrigatoriamente, com o predicativo.
[Quem] serão os
primeiros.
[Que] são buracos negros?
8. Verbos Dar, Bater e
Soar:
a) Os verbos, “dar, bater e
soar,” indicando horas, concordam com o sujeito.
Deu uma hora.
Bateram cinco horas.
Naquele relógio já soaram
duas horas.
Deram três horas.
9. Chegar, Ir e Vir: esses
três verbos são quase idênticos quanto às suas regências. Os três são intransitivos e regem a preposição “a”
e nunca a preposição “em” quando indicam movimento.
Chegaram a Atlanta na quinta-feira.
Foram a Atlanta na sexta-feira.
Os brasileiros vêm a Atlanta
com muita esperança.
Observação: a
língua culta já tolera o uso do verbo “chegar” com a preposição “em”
usando a palavra casa. Exemplo: Cheguei cedo em
casa.
Ir – quando
indicar um tempo determinado (por algum tempo) exige a preposição
“a”.
Foi a Campos no
final de semana.
Ir – quando
indicar um tempo definitivo (para ficar) exige a preposição “para.”
João foi para
Santos com a família.
Na frase “Chegou
a hora da onça beber água.” Segundo a norma culta da língua, há um erro
nessa expressão popular, pois “onça” é sujeito do verbo beber,
por isso não pode haver a combinação da preposição “de” e o
artigo “a”, pois o sujeito de uma oração nunca pode ser iniciado
por preposição.
No padrão
culto da língua portuguesa, essa frase ficaria assim: “Chegou a hora de a
onça beber água.”
Custar – Este
verbo, sinônimo de ser difícil, penoso, só pode ser empregado como objeto
indireto (usando preposição) e na 3ª pessoa do singular.
Custou-me aprender.
A você custou sair.
Atenção !!! Atenção !!!
Na linguagem culta, é errado
escrever “Custei aprender” e “Você custou sair.”
Casos Especiais de
Concordância Nominal
1. O Adjetivo
anteposto pode concordar com o substantivo mais próximo:
Dedico esta música à querida tia e sobrinhos.
(adj. fem.
sing.) (subst. fem. sing.) (subst. masc. plural)
2. O Adjetivo que
funciona como predicativo do sujeito concorda com o sujeito:
Meus amigos estão atrapalhados.
(sujeito) (predicativo sujeito)
3. Quando dois adjetivos
se referem a um único substantivo precedido de artigo, a concordância
pode ser feita de dois modos. Considere o substantivo língua e os adjetivos
alemã e inglesa.
a) O substantivo fica no
singular e coloca-se um artigo na frente do segundo adjetivo.
Nesta escola, estuda-se a
língua alemã e a inglesa.
b) O substantivo vai para o plural e não se coloca o
artigo na frente do segundo adjetivo.
Nesta escola, estudam-se as
línguas alemã e inglesa.
4. A palavra meio concorda
com o substantivo quando é numeral e fica invariável quando é advérbio.
Quando formar substantivo
composto, ambos os elementos variarão.
Comi meia [ pêra].
(numeral) (substantivo)
Minha mãe está meio [cansada].
(advérbio)
Os meios-fios foram
construídos em lugar errado.
(subst. composto)
5. As expressões “é
proibido, é bom, é necessário e outras semelhantes são invariáveis
quando seu sujeito não for precedido de artigo.
[Fumar] é proibido. É
necessário[ boa saúde].
(sujeito)
(sujeito)
Observação: Se
houver artigo, a expressão deixa de ser invariável e concorda com o sujeito.
É necessário (uma) [boa saúde].
(artigo) (sujeito)
É proibida ( a )
[entrada] de pessoas
estranhas.
(artigo) (sujeito)
6. As palavras “anexo,
incluso, só (=sozinho), obrigado, mesmo, próprio” concordam com o nome
a que se referem.
[Ela] mesma veio até aqui. [Eles] chegaram sós. [Eles] próprios escreveram.
(nome)
(nome)
(nome)
[João] disse: “− Muito
obrigado.”
(nome)
Trouxe anexas as [fotografias]
que você me pediu.
(nome)
Gosto de estar a sós.
(a locução a sós é sempre invariável)
Observação: Já a
expressão “em anexo” é invariável. (Trouxe em anexo as fotografias.)
7. Alguns adjetivos como
“alto, barato, confuso, falso, etc.”, quando substituem advérbios
terminados em “mente”, permanecem invariáveis:
Elas falavam alto
demais.
A roupa custava muito barato.
Ela jura falso.
8. A palavra “alerta,”
como advérbio, também permanece invariável:
Os soldados ficaram
alerta.
9.
Obrigado, mesmo, próprio: esses três elementos concordam com o
substantivo ou com o pronome a que se referem, ou seja, se o substantivo for
feminino plural, usam-se mesmas, próprias e obrigadas. Caso a
palavra mesmo significar “realmente,” ficará invariável.
Elas
mesmas disseram em coro: Muito obrigadas, professor.
Os
próprios jogadores reconheceram o erro.
As meninas trouxeram mesmo o radialista.
10. Menos, alerta e pseudo: essas três palavras
são sempre invariáveis.
Os escoteiros devem estar sempre alerta para servir o
próximo.
Houve menos reclamações dessa vez.
As pseudo-escritoras foram desmascaradas.
11. Muito, bastante: quando
modificarem o substantivo, concordarão com ele, por serem pronomes indefinidos
adjetivos: quando modificarem verbo, adjetivo, ou outro advérbio, ficarão
invariáveis, por serem advérbios. Bastante também será adjetivo, quando
significar
que basta, que satisfaz:
Bastantes funcionários ficaram bastante
revoltados com a empresa.
Há provas bastantes de sua culpa.
12. Grama: quando a palavra grama representar unidade de massa, será masculina.
Comprei duzentos gramas de queijo.
13. Possível: em frases enfáticas, como “o mais, o menos, o melhor, o pior, as mais, os menos, os piores, as melhores”, a palavra “possível” concordará com o artigo:
Visitei cidades o mais interessante possível.
Visitei cidades as mais interessantes possíveis.
CONCORDÂNCIA ATRATIVA
Os
conceitos que apresentamos a respeito da concordância de verbos e nomes têm
caráter geral. No entanto, há casos específicos, que não apresentam
uma norma definida e fixa e para os quais, mesmo em bons autores, têm-se
encontrado soluções diferentes.
Há também soluções, definitivamente aceitas, em que
a concordância é feita com a finalidade de tornar a frase mais expressiva.
Observe:
Uma legião de mais de cinco mil soldados destruíram
o arraial de Canudos.
Um grande número de fiéis seguiam o Conselheiro.
Do ponto de vista
gramatical, a concordância do verbo se estabelece com a palavra que funciona
núcleo do sujeito. Nos exemplos acima, no entanto, por questões de estilo, os
verbos destruir e seguir estão em concordância com
os substantivos que funcionam como núcleo dos sujeitos – legião e
número –, mas com os adjuntos adnominais que determinam esses
núcleos, ressaltando, dessa forma, não o conjunto, mas os elementos que o
compõem.
Quando o sujeito é composto, o verbo deve ir para o plural. Esse é um princípio geral de concordância. Por razões de estilo, se o
sujeito composto estiver depois do verbo, fazer a concordância com o núcleo
mais próximo. Veja:
Chegou a Canudos um
coronel e um jornalista.
Nesse caso, temos sujeito
composto ("um coronel e um jornalista"). Do ponto de vista estritatamente
gramatical, o verbo deveria ir para o plural, concordando com ambos os núcleos
(Chegaram a Canudos um coronel e um jornalista). No entanto, pelo fato de o
sujeito composto estar depois do verbo, a concordância pode ser feita com o
núcleo mais próximo (coronel). A esse tipo de concordância dá-se o nome de concordância
atrativa.
A
concordância por atração ocorre também com os nomes. Observe:
Escolheu uma boa hora
e lugar para ler Os sertões.
Escolheu um bom lugar
e hora para ler Os sertões.
Nessas frases, o adjetivo refere-se a dois
substantivos ("hora e lugar"). Por vir antes dos substantivos a que
se refere, a concordância é feita por atração com o substantivo mais próximo.
CONCORDÂNCIA IDEOLOGICA
Também por razões de
estilo, muitas vezes a concordância (verbal e nominal) não é feita com a forma
gramatical de uma palavra ou de uma expressão presente na frase, mas com a
ideia ou o sentido que está subentendido. A esse tipo de concordância dá-se o
nome de concordância ideológica ou silepse. Veja:
Os sertões conta
a Guerra de Canudos.
Observe que
o verbo contar não está concordando em número com a forma
gramatical do sujeito "Os sertões", mas com a ideia que se
subentende: a obra (ou o livro) “Os sertões” conta
a Guerra de Canudos. Nesse exemplo temos um caso de concordância ideológica;
por realizar um jogo singular - plural, ocorre uma silepse de número.
Todos
lamentamos o massacre de Canudos.
Aqui, o
verbo lamentar não está concordando coma forma gramatical do
sujeito todos que é de terceira pessoa. Ocorre que o falante se inclui no
universo representado, estabelecendo a concordância em primeira pessoa do
plural: nós todos. Temos aí outro exemplo de concordância
ideológica; nesse caso, silepse de pessoa.
A populosa São
Paulo continua sofrendo com as enchentes.
Nesse
exemplo, o adjetivo populosa - no feminino - não está concordando
com o termo São Paulo, que é masculino, mas com a ideia implícita nesse termo
(cidade). Temos, pois, uma concordância ideológica; nesse caso, silepse
de gênero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário