terça-feira, 17 de setembro de 2013

PRÓCLISE, MESÓCLISE, ÊNCLISE















Colocação Pronominal                                                                       

Próclise – Mesóclise - Ênclise

Todos os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) podem aparecer em três posições diferentes ao lado do verbo.

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1. Próclise: quando aparece antes do verbo.

1.1 Geralmente usa-se a próclise nos seguintes casos:
a) Nas orações subordinadas. Normalmente o verbo vem precedido de uma conjunção subordinativa:
[Quando]       me         telefonarem, avise-me.     /     Quando te encarei não vi meu rosto.
conj. sub.   (próclise)
A sociedade em que viverão nossos filhos terá muito a ver com a educação [que] lhes dermos hoje.
                
b) Em orações que contenham uma palavra ou expressão de valor negativo (não, nunca, nada, ninguém etc.)
[Não] me pergunte nada.
Certamente [não] me recordo desse caminho.
[Nunca] mais me esquecerei dela.

c) Nas orações em que haja advérbios, sem que exista pausa.
Enfim te vejo.
Aquela viagem jamais se realizaria.
Assim se resolvem os problemas.

Observação: se houver pausa depois do advérbio, emprega-se a ênclise.
Enfim, vejo-te.

Observação: se o verbo estiver no futuro, emprega-se a mesóclise.
Amanhã, vê-lo-ei.

d) Nas orações em que haja pronomes indefinidos: tudo, alguém, nada, nenhum, outro, outra, muito, muita, cada, quanto, quanta, tanto, tanta, qualquer, quaisquer, um, uma etc.
Tudo se acaba na vida.                
Alguém me contou a verdade.

d) Quando o verbo é precedido de pronome relativo:
Trata-se de um homem [que] se esforçou muito.
Não encontrei o caminho [que] me indicaram.

e) Nas orações iniciadas por pronomes e advérbios interrogativos.
Quem me garante?
Por que o procuram com tanta insistência?
Que força o levanta?
Você o conhece?


f) Ocorre também a próclise nas orações iniciadas por palavras interrogativas, exclamativas e orações optativas (são orações que exprimem um desejo).

Quem te disse que ele não veria?  (oração iniciada por palavra interrogativa)
Quanto me custa dizer a verdade! (oração iniciada por palavra exclamativa)
Deus te proteja. (oração optativa)
Oh! Como me lembro da mesa ricamente posta!
Como se sentem felizes por esse encontro!
Tomara que um prego lhe fure o pneu!

g) Com o gerúndio precedido de preposição “em”:
Em se tratando de finanças, dirija-se ao tesoureiro.
Em se falando do Ronaldo, olha quem vem aí!

h) Nas orações coordenadas sindéticas alternativas:
Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça luva!

2. Mesóclise: só será empregada no futuro do presente e no futuro do pretérito do indicativo, desde que não haja palavra que exija próclise.
Repetir-se-á, assim, o que neste ano já aconteceu com tantos outros feriados.
Dir-se-ia que os amigos tinham prazer em lhe abrir a bolsa.
O Senhor Brito, na sua ternura, ter-me-ia abraçado.
Não fosse a chuva, acompanhar-te-ia até o carro.

3. Ênclise
a) Com verbos no início do período:
Aconteceu-me uma coisa realmente extraordinária.
Ouviu-se um grande barulho.
Aproximou-se bem de mansinho.

b) Com verbos no modo imperativo afirmativo.
Fala, mas conta-me tudo.
Pensa, mas fala-me agora.
João, dê-me o dinheiro agora.

c) Com verbos no gerúndio, desde que não venham precedidos da preposição “em”:
Puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la, consolando-a.
Chegou alegre, trazendo-lhe flores.

d) Com verbos no infinitivo impessoal:
Não traria você aqui para maltratá-lo.
É hora de despedir-se do seu primo.
Não tive tempo de desviar-me.
Passo a observá-los.

4. Colocação dos pronomes oblíquos átonos em locuções verbais.

4.1 Verbo principal no infinitivo ou no gerúndio:
a) Sem palavra que exija a próclise. Nesse caso o pronome é geralmente empregado depois da locução:
Vou confessar-lhe uma coisa.
Mandei vaciná-lo quando era pequeno.
Conseguiu soltar-se com a ajuda do amigo.
Ameaçaram-me por estar importunando-os.

b) Com palavra que exija a próclise. Neste caso o pronome pode ser colocado antes ou depois da locução.
Ela me deixou concluir a frase. (antes da locução)
Já não se pode caminhar com segurança. (antes da locução)
É uma reforma na qual se pode engajar na sociedade. (antes da locução)
Talvez ela lhe devesse falar a verdade. (antes da locução)

Esse casamento não deve fazer-se. (depois da locução)
Isso não deveria preocupá-los. (depois da locução)
Perguntou-me se eu iria deitar-me logo. (depois da locução)
Por que iria envolver-me numa pendência de estranhos. (depois da locução)

4.2 Verbo principal no particípio
a) Nos tempos compostos e nas locuções verbais em que o verbo principal está no particípio, a colocação dos pronomes oblíquos átonos será feita sempre em relação ao verbo auxiliar e nunca em relação ao particípio, podendo ocorrer a próclise, a mesóclise ou a ênclise.
Era necessário tê-lo conhecido.
Foi necessário encontrá-lo amadurecido.
Era importante encontrá-lo acordado.
Havia lhe contado o segredo.
Nunca o tinha visto antes.
Ter-lhe-ia procurado, se tivesse tempo.
Ficou tímido, porque se sentiu rejeitado.
Sentiu-se rejeitado pelos colegas.
Se não o convidarem, sentir-se-á rejeitado pelos colegas.

Observação: nas locuções verbais e nos tempos compostos, quando se coloca o pronome oblíquo átono depois do verbo auxiliar, pode-se usar o hífen ou não.
Havia-lhe contado o segredo.     ou    Havia lhe contado o segredo.
Vou-te devolver o livro amanhã.   ou   Vou te devolver o livro amanhã.

b) A locução verbal pode vir ou não precedida de palavra que exija a próclise.
Ninguém se havia lembrado de fazer reservas. (palavra de sentido negativo - pede próclise)
Casos e casos tudo se tinham visto. (pronome indefinido - pede próclise)
Sentíamo-nos contentes como se nós tivéssemos presenteado. (verbo iniciando o período - pede próclise)

c) Locução verbal sem palavra que exija próclise.
O fato tem-me desagradado.
Vou-te devolver o livro amanhã.     (ou)      Vou te devolver o livro amanhã.
4.3 Emprego de o, a, os, as
a) Em verbo terminado em vogal ou ditongo oral, os pronomes o, a os, as, não se alteram:
Trouxe-o agora.
Deixei-a em boas mãos.

b) Em verbos terminados em r, s, z, há a queda destas consoantes finais e os pronomes o, a, os, as, alteram-se para: lo, la, los, las.
Aplaudi-los foi a nossa atitude.
Encontrá-la é um sonho meu.
Fazê-lo com grande perfeição.
Fê-los com outros assados.
Vendê-las-ei amanhã.

c) Em verbos terminados em ditongos nasais: am, em, ão, õe, õem, os pronomes o, a, os, as, alteram-se para no, na, nos, nas:
Refazem-no naquela sapataria.
Encontraram-na ontem.
Dão-nos boas vindas.
Transpõe-na quando quiser.
Abençõem-nos para que partam tranquilos.

Eles são réus = São-nos.

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